Imagine fazer um passeio pela orla e se deparar com o mar todo iluminado como se fosse uma árvore de Natal. Esse fenômeno existe e é chamado de bioluminescência. A palavra vem do grego bios (vida) e do latim lumen (luz). Em tradução livre, significa “luz biológica” ou emissão de luz por seres vivos (biofotogênese).
A bioluminescência é uma reação química que ocorre com alguns micro organismos marinhos, como os plânctons, que usam essa técnica para atrair presas ou afastar predadores. Apesar de boa parte da bioluminescência marinha apresentar uma coloração entre o verde e o azul, algumas espécies de peixes produzem um brilho vermelho. Essa adaptação permite que estes peixes possam ver suas presas em tons avermelhados, normalmente invisíveis no oceano em ambientes de altas profundidades, onde a luz vermelha é filtrada pelas colunas de água. Algumas espécies de lulas são capazes de ajustar a intensidade de sua bioluminescência de modo a igualar a intensidade da luz superior do ambiente, conseguindo assim se tornar invisível quando vista de baixo. Os plânctons são “acesos” quando ocorre alguma agitação na água. Quanto maior a agitação, mais forte é a intensidade do brilho. Normalmente, o movimento das ondas ou até mesmo de barcos em sua navegação ajudam a criar os efeitos mais intensos. A incidência desse fenômeno está relacionada à quantidade de nutrientes nas águas. Quanto mais matéria orgânica, maior a chance de ocorrer uma bioluminescência.
Há relatos de que no século 17, exploradores espanhóis tentaram fechar a Baía de Mosquito Bay, localizada no Caribe, para tentar impedir que a bioluminescência ocorresse. A justificativa era de que o fenômeno seria criação do diabo. Só que essa iniciativa causou o efeito contrário. Ao reduzir o fluxo de água na baía, aumentaram a concentração de vitamina b12 liberada pelas árvores dos manguezais e assim a quantidade de micro organismos disparou. Em um balde de água da baía, era possível encontrar cerca de 750 mil seres.
Em alguns lugares, como as Ilhas Maldivas, na Ásia, esses organismos apresentam seu tamanho bem elevado, podendo serem vistos a olho nu. Eles se estendem por boa parte da praia e é possível ver seu brilho até em nossas pegadas na areia.
No mundo, o fenômeno da bioluminescência pode ser observado em diversas regiões. Na Europa, um dos locais mais conhecidos para se ver o fenômeno é no condado de Norfolk, na Inglaterra. Nessa região o brilho costuma ser bem intenso e é visto em águas rasas e salgadas, principalmente depois de um longo período de luz do sol. Em Zeebrugge na Bélgica, os tipos de organismos existentes são chamados de “faísca do mar”. Em Cairns, na Austrália, possui um tipo de ambiente muito favorável para a floração de algas e suas flores carregam milhões de organismos luminosos quando levadas pelas águas. Em Lagos de Gippsland, também na Austrália, em 2006, ocorreram diversos incêndios seguidos por uma forte enchente, em 2007. Esses acontecimentos contribuiram para um crescimento altíssimo de cianobactérias, também conhecidas como algas verde azuladas. Após aproximadamente um ano, as flores das algas se desenvolveram, tornando o ambiente extremamente propício para a bioluminescência.
Há relatos de que eventos de bioluminescência marinha também acontecem no Brasil. Pesquisas indicam que o espetáculo causado por bactérias bioluminescentes ocorrem nas águas da costa de Imbé e Tramandaí, no Rio Grande do Sul, na região da Ilha do Mel no Paraná e na Ilha do Cardoso, no extremo Sul do litoral paulista.
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